quarta-feira, 16 de julho de 2008

Perfume


Seu perfume ficou na sala

Mas você partiu

Ficou no trinco da porta

No telefone que usou distraidamente

Na caneta com a qual batucou impaciente.

No sofá, nas almofadas

Onde cansado, adormeceu, enquanto me esperava.


Está sobre meu rosto, pois o acariciou longamente

Misturou-se ao meu, e da nossa química ficou mais doce

Espalhou-se pelos lençóis da cama como se fosse chuva de verão

No travesseiro onde dormiu por uma, duas horas

Em meu corpo que tocou faminto, saudoso.


E enquanto banho, lamento perdê-lo

Ressinto-me deste desapego

Enquanto a água cai rápida e mansa

Eu lembro debaixo do chuveiro

Penso em nós dois.


No que fizemos

No prazer que nos demos

Tudo parece distante agora que se foi

Que seu perfume abandonou meu corpo.


Quero que a água me lave, me renove

Deixei-me ficar a sós

Seu perfume me confunde

Faz-me desejar você, que já se foi.


Seu toque.

Ainda sinto você

Está bem aqui em meu peito

Na marca do beijo invisível sobre o seio.


Em meus dedos que te tocaram

Em minhas mãos que te afagaram

O seu perfume se apagou

E quando pequei o telefone e levei ao ouvi

Senti seu cheiro no fone, beijei o aparelho

E desisti da ligação, pois seu cheiro voltou...

E me deu a falsa ilusão de sua presença.


Vou dormir, é quase manhã

O telefone toca

È você

E seu perfume.